29 de agosto de 2009
Deixemos Obama em paz
Finalmente, sabemos como foram desastrosas as políticas neoliberais do Consenso de Washington. Não levaram ao desenvolvimento, mas a crises financeiras e ao aumento da desigualdade nos países que se submeteram a elas. Há algumas semanas vimos mais um golpe militar na América Latina, e, não obstante os protestos do governo americano, parece claro que houve ao menos a aquiescência dos EUA. Como houve sua participação ativa na tentativa de derrubar o presidente Hugo Chávez, em 2002. Agora, leio que em 1971 o Brasil conspirou com os EUA para derrubar o presidente do Chile, Salvador Allende. Uma conspiração que foi "vitoriosa" dois anos depois. É isso o que esperam os críticos da política externa brasileira? É esse tipo de aproximação que esperam aqueles que lamentam a falta de atenção de Obama pela América Latina? Que o Brasil se associe ao imperialismo americano agora, como fez no regime militar? Que o Brasil adote as políticas neoliberais que fracassaram na América Latina e nos próprios EUA, mas continuam a ser recomendadas pelas agências internacionais controladas pelos norte- -americanos?
Ou então talvez esses lamentadores estejam querendo que o Brasil se associe aos EUA como o fez o México? Qual foi o resultado dessa associação? Taxas de crescimento muito baixas, grande aumento da criminalidade e das drogas e, agora, nesta crise, uma brutal queda do PIB. Definitivamente, o presidente Obama é sábio em deixar a América Latina de lado. Ele é uma esperança para os EUA e para o mundo. Os governos dos países pobres não ameaçam seu país. Tanto para ele, portanto, como para nós, latino-americanos, é melhor que não se interesse pela América Latina. Deixemos Barack Obama em paz. Essa é a melhor maneira de promover os interesses comuns que a região tem com os EUA.
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LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 75, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994
".
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NT: Até que enfim um Tucano sensato....se é que existe!!!!
19 de agosto de 2009
A nova do Radiohead
A fim de viajar outra vez com o Radiohead? A banda ajuda com a passagem, já que acaba de jogar na net uma nova canção, There Are my Twisted Words, cria legítima das divagações sonoras que habitam a obra de Thom Yorke e cia. O áudio da faixa está aí embaixo, mas você pode tê-la de graça fazendo o download na loja virtual da banda.
12 de agosto de 2009
O melhor disco do primeiro semestre
Por Rubens Herbst, do Blog Orelhada
Existe um ditado popular invertido que diz: "De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo". Certo, mas às vezes o inesperado consegue nos pegar de jeito e precisamos dar razão ao anexim oficial. Por exemplo, quem conseguiria imaginar que o Cracker lançaria o melhor disco de rock de 2009 até aqui? Eu que não. Sempre acompanhei a banda de longe, se movendo sem muito alarde desde 1990, lançando uma dúzia de discos apenas bacanas - nos quais exercita o compêndio de rock alternativo, alt-country, folk e blues - e às vezes até emplacando uns mini-hits, como Eurotrash Girl e Low.
Deveria continuar sendo assim, mas aí o Cracker me aparece com este Sunrise in the Land of Milk and Honey (lançado em maio), jogando todos os meus conceitos sobre o grupo por terra. Onde o quarteto californiano escondia tanta inspiração? E por que ela foi aparecer, exuberante, só agora? Dúvidas, dúvidas. No final, resta ouvir, embasbacado, um discaço que não perde o foco e o pique em momento algum.
E o pior (ou melhor) disso é que Sunrise in the Land of Milk and Honey não se mete a ser inovador, experimental, aglutinador de estilos, moderno nem a promover revivals. Nada dessas coisas que elegeram Dear Science, do TV on the Radio, o melhor disco de 2008. Não, o Cracker simplesmente faz rock'n'roll. Duro, reto, cru, melódico, com algumas baladas no meio. Pode ser pouco pra quem busca algo além da mesmice, mas é o suficiente (quando bem feito, claro) pra quem já cansou de tanto "revolucionário de araque".
A coisa já começa intensa com Yalla Yalla (Let's Go), que me lembra um Neil Young punk. Mas é a faixa seguinte, Show Me How These Things Work, que começa o festival de pauladas, sempre junto com um refrão grudento. O candidato a hit Turn on Turn in Drop out with Me dá um tempo na distorção com uma melodia country de fazer Jason e Freddy chorarem abraçados. Depois, o Cracker mostra de novo que andou ouvindo muito Buzzcocks pra, em seguida, voltar à roça com o purismo de Friends. Pulemos pra Hey Bret (You Know what Time it is), a música que os Stones dariam Ron Wood pra compor hoje. O disco termina com a faixa-título, mais uma bolada de guitarras ardidas e melodia apurada.
Enfim, quantos discos hoje conseguem ser bons do começo ao fim? Poucos, e o Cracker, acreditem, conseguiu o feito. Óbvio que tudo isso é opinião minha. Discordem o quanto quiserem, mas deem um jeito de ouvir Sunrise in the Land of Milk and Honey. Será um favor a vocês mesmos.
Comentário: Pra quem quer fugir do ieieieie tradicional, um bom állbum!!
Greg Kot: A culpa da pirataria é das próprias gravadoras
Greg Kot, crítico de música do Chicago Tribune e outros, escreveu o livro "Ripped: How the Wired Generation Revolutionized Music" (Como a geração conectada revolucionou a música). Em um podcast recente, ele explica como a indústria da música é culpada pela própria queda, e porque o iTunes — maior vendedor digital de música nos EUA — não vai salvá-la.
Kot afirma que a indústria da música foi uma das principais causas da pirataria. A explosão de boy bands e astros pop do naipe de Christina Aguilera e Britney Spears, no fim dos anos 90, aconteceu por causa da insistência das gravadoras em jorrar muito dinheiro em músicas sem sofisticação, impessoais e de baixo nível, o que tornou as rádios um lixo. Havia pouco espaço para os verdadeiros gênios bizarros, como Prince ou David Bowie, e sem boa música, uma hora o mercado teria que reagir — daí surgiu o Napster.
Kot passa pelos argumentos que todo bom pirata sabe: músicos não ganham dinheiro com venda de álbuns, a revolução MP3 deu força ao movimento independente e a uma grande variedade de bandas novas e boas. Mas a insistência das autoridades (como a RIAA) em processar a pirataria para que deixe de existir levou o público a perder a culpa em baixar música ilegal.
O legal é ver que Kot reconhece que o iTunes, o tão aclamado campeão de downloads de música que respeitam a lei, ainda é bem inferior que as opções que os piratas oferecem. As gravadoras parecem ter colocado suas esperanças no iTunes, mas Kot lembra que o iTunes não basta, e que as gravadoras deveriam estar se matando para descobrir um modelo de negócios viável que atraia consumidores — em vez de policiá-los —, e que seja pelo menos tão bom quanto as opções ilegais.Fonte: www.gizmodo.com.br